terça-feira, 26 de junho de 2007
A espera
Havia apenas o mar nos olhos, uma vaga aflição e a espera amorosamente tecida nas canções, quando a lâmina tirou-lhe a voz da garganta e o oceano do peito.
De só golpe decepou-lhe a realidade e o sonho.
Todas as justificativas para a dor são injustificadas quando o amor é óbvio e olha com olhos de esperança.
Recapitulados os dias perfeitos, impecáveis, indescritíveis dias de fascínio, nada mudou. como se um furacão de acontecimentos não a tivesse surpreendido.
"Entre as quatro paredes do meu peito, só eu sei. Só eu sei o que espero e o que desespero": foi a única pista rara vez sussurrada a alguém.
No mais, permanece sentada à mesma janela de sempre. Diz coisas incompreensíveis vez em quando. Lê um livro, ouve música, olha em torno como se acordasse do sono, entoa alguma canção qualquer, vai e volta, sorri, e diz às pessoas coisas prováveis.
Mas permanece lá, nas noites inquietas, a conversar com ele que já não está .A espera, o desespero, raramente visíveis.
Na sala, no quarto , no corpo, em todo lado os sinais da vida desfeita, que só ela sabe.
Silvia Chueire
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